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Experiências que inspiram

Por Laura Pimenta, Tatiana Sousa e Laís Magalhães

Nem sempre as soluções para abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e manejo de águas pluviais necessitam de grandes investimentos para serem realizadas. Algumas tecnologias sociais, criadas e desenvolvidas por diversas instituições, são baratas, de fácil execução e com eficácia comprovada. Conheça algumas dessas experiências a seguir.

Salta-Z

A Solução Alternativa Coletiva Simplificada de Tratamento de Água para Consumo Humano (Salta-Z) foi concebida com a intenção de proporcionar água de qualidade a moradores de áreas rurais, atendendo a princípios da lei nacional de saneamento básico (Nº 11.445 de 2007), diretrizes do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) e aos padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde ( link para a Portaria MS Nº 2.914 de 2011 ). Desenvolvida por técnicos da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), a tecnologia tradicional, de baixo custo e fácil operação, contém filtro e dosadores cujas construção e montagem são artesanais.

A Funasa acredita que trabalhar em parceria com estados, municípios e outras organizações, oferecendo estímulo e apoio na busca por desenvolvimento de tecnologias de saneamento, amplifica a defesa e o fortalecimento do SUS, bem como a melhoria da qualidade de vida de brasileiras e brasileiros. Confira alguns dos benefícios da Salta-Z na vida de moradores de uma comunidade do município de Acará, estado do Pará: https://www.youtube.com/watch?v=kChjtc0dYPk

Banheiro Ecológico Ribeirinho

Desde 2012, a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), por meio da professora e pesquisadora Vânia Neu e sua equipe, realiza um projeto de desenvolvimento sustentável na Ilha das Onças, no município de Barcarena, Pará. As ações incluem: implantação de uma biblioteca e cisternas que captam água da chuva; investimento em novas fontes de renda para os ribeirinhos; reaproveitamento de materiais através da fabricação de sabão a partir de óleo de cozinha usado, além da produção de artesanato com recursos não madeireiros; e melhorias no saneamento básico da região.

Vânia destacou que, ao longo da execução do projeto, a ausência de saneamento básico foi identificada como a causa de diversas doenças enfrentadas pelas comunidades: “Nós percebemos que um grande problema na área Rural da Amazônia é a falta de saneamento e de água potável. Então, pensando nisso, nós criamos o Banheiro Ecológico Ribeirinho, uma alternativa de saneamento básico descentralizado, simples e barata, que supre as necessidades do meio rural no que diz respeito ao saneamento.”.

Segundo a pesquisadora, o banheiro adaptado às áreas de várzea amazônicas – Banheiro Ecológico Ribeirinho (BER) – tem eficácia comprovada e, atualmente, é uma tecnologia social certificada pela Fundação Banco do Brasil. O banheiro reduz a contaminação da água e do solo, impedindo que animais entrem em contato com os dejetos e servindo como adubo orgânico para as plantas. Sua confecção prevê um reservatório para armazenamento dos dejetos, que, posteriormente, são transformados em adubo a partir da compostagem, com o auxílio de serragem, adubo animal e folhagem.

Você pode saber mais sobre o BER acessando o banco de tecnologias sociais da Fundação Banco do Brasil:

http://tecnologiasocial.fbb.org.br/tecnologiasocial/banco-de-tecnologias-sociais/pesquisar-tecnologias/detalhar-tecnologia-292.htm

Crateús, município em que a população é parceira da coleta seletiva

Quem disse que coleta seletiva é uma tarefa difícil, devido ao baixo engajamento da população, não conhece Crateús, no estado do Ceará. Em 2012, o município deu início à coleta seletiva de resíduos no bairro Cidade Nova, um dos maiores da sede municipal. Em 2013, o projeto foi expandido para os distritos rurais de Queimadas e Tucuns, em parceria com a Associação Caatinga.

Carros de coleta com sistema de som, contato telefônico com a população para incentivar a participação, agradecer pela colaboração e realizar pesquisa de satisfação, bem como trabalho educacional desenvolvido com a comunidade escolar do município e com as associações de bairro são estratégias que podem ter contribuído para o êxito da ação de saneamento.

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Fonte: ASA Brasil (<http://www.asabrasil.org.br/acoes/p1-2>)

Programa Uma Terra e Duas Águas: manejando a água da chuva

Com o anseio de ampliar o estoque de água de comunidades rurais e populações tradicionais para atender às necessidades de cultivo e de criação de animais, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) – rede que congrega mais de três mil organizações da sociedade civil – criou, em 2007, o Programa Uma Terra e Duas Águas, o P1+2. Juntamente com o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), integra o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido.

Os objetivos do P1+2 são: promover a soberania e a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras e fomentar a geração de emprego e renda para as mesmas, por meio do estímulo à construção de processos participativos para o desenvolvimento rural do Semiárido brasileiro. Entre as estratégias metodológicas adotadas no P1+2 estão: a promoção de processos formativos e de mobilização social; a adoção da agroecologia como princípio orientador das ações de convivência com o semiárido; e a implantação de tecnologias sociais de captação e armazenamento de água de chuva para agricultura e dessedentação da criação animal, como a cisterna-calçadão (foto).

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