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33º relatório da CPT destaca o aumento da violência no campo e dos conflitos pela água

A Comissão Pastoral da Terra – CPT, organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, fez lançamento do 33º Relatório sobre conflitos no Campo Brasil, referente ao ano de 2017. O Evento aconteceu na sede provisória da CNBB, em Brasília, no dia 04 de junho.

O evento foi presidido por Dom Leonardo Ulrich Steiner, Secretário Geral da CNBB, juntamente com Dom André De Witte, presidente da CPT nacional. Contou ainda com a participação de Antonio Canuto, um dos fundadores da CPT nacional, do Prof. Carlos Walter, Assessor da CPT nacional e professor da Universidade Federal Fluminense, da líder do acampamento Hugo Chávez, do Pará, Polliana Soares e da Subprocuradora-Geral da República, Deborah Duprat, entre outros convidados.

“Esse lançamento é uma tentativa de nós como Igreja estarmos atentos as questões dos conflitos. Quantas pessoas tem morrido e quantas pessoas tem perdido as suas terras?”, chamou atenção o bispo auxiliar de Brasília (DF) e Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, na abertura da cerimônia. Segundo o bispo o momento é propício para unir as forças e ideais em prol de um país mais “fraterno e justo, especialmente no campo”.

O membro fundador da CPT, Antônio Canuto, destacou que a edição de 2017 traz de modo “assustador” os números da violência. Canuto apresentou os dados de 70 assassinatos, o maior número registrado desde 2003, quando se computaram 73 vítimas. “É 16,4% maior que em 2016, quando houve o registro de 61 assassinatos, praticamente o dobro de 2014, que registrou 36 vítimas”, apontou.

Segundo o setor de Comunicação da CNBB, e conforme a apresentação do Sr. Canuto, não foi somente o número de assassinatos que cresceu, mas é possível identificar o aumento do número de massacres. Do total de mortos, 31 pessoas morreram em cinco massacres pelo país. Em destaque as cidades de Colniza, no Mato Grosso e Pau D’Arco, no Pará. Sobre os dados do ano passado, a CPT destacou quatro massacres ocorridos nos estados da Bahia, Mato Grosso, Pará e Rondônia.

Além dos conflitos por terra, outro dado preocupante levantado pela CPT é relativo aos conflitos por água, como citado pela líder do acampamento Polliana Soares. Em 2017 foram registrados 197 conflitos, o número mais elevado desde quando o organismo começou a registrar em separado estes conflitos e um crescimento de 14,5% em relação à 2016.

De acordo com os dados da CPT, mais de 60% dos conflitos pela água foram protagonizados por mineradoras. 33 conflitos, 17%, aconteceram no contexto das hidrelétricas. Outros 26 conflitos, 13%, em áreas dominadas por fazendeiros. No contexto dos conflitos pela água, em área de mineradora, registrou-se um assassinato em  Barcarena, Pará. Fernando Pereira, liderança da Comunidade de Jardim Canaã, fortemente impactada pela operação da mineradora Hydro Alunorte, e membro da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia – Cainquiama, foi assassinado a tiros no dia 22 de dezembro de 2017. A organização estava envolvida na denúncia de conflitos fundiários na região e no combate aos crimes socioambientais protagonizados pela Hydro, que explora bauxita para produção de alumínio e tem um rol extenso de ilícitos cometidos ao longo de mais de três décadas. Minas Gerais concentrou o maior número de conflitos pela água, 72 ocorrências, seguido da Bahia com 54.

Na Região Centro-Oeste foram 12 conflitos pela água, envolvendo 2.485 famílias; na Região Nordeste 63 conflitos, envolvendo 13.232 famílias; na Região Norte, 27 conflitos, envolvendo 9.859 famílias; na Região Sudeste, 92 conflitos, envolvendo 8.517 famílias e na Região Sul, 3 conflitos, envolvendo 1.325 famílias.

É evidente que há um aumento das opressões sobre todos trabalhadores brasileiros em geral, sobretudo contra camponesas e camponeses que lutam por terra, água e liberdade. Os números contidos no relatório da CPT evidenciam a luta que tantos trabalhadores e trabalhadoras vivem em seu dia a dia no Brasil.

Mais informações sobre o relatório: https://cptnacional.org.br/publicacoes-2/conflitos-no-campo-brasil

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